segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Jardim Sentimental

Ao despertar, Alice já notara que aquela seria uma manhã diferente, incomum, no melhor sentido da palavra. E esse saber, fez com que não fosse preciso muito tempo, para que um sentimento jovial a impulsiona-se da cama, de maneira nunca vista antes. Afinal, havia um mundo sorrindo lá fora. E Alice, mais do que ninguém, sabia disso.
Sua camisola, de cor clara e suave, confundia-se com o tom doce e afável de sua pele. Seu rosto, desenhado por finos traços, formava um olhar penetrante, ainda mais penetrante devido às finas sobrancelhas que a embelezavam. Nada, absolutamente nada poderia afetar seu encanto, naquela linda e serena manhã de primavera, enaltecida pelos pássaros a cantar em seu jardim de flores festivas. E foi justamente para lá, para o jardim que Alice se pôs a caminhar. Dava ares de estar consciente, que nele estaria todo um mistério a ser revelado. Algo mágico, nunca antes imaginado por alguém, que a ti foi revelado pela mãe natureza.
Parecia uma miragem. Uma cena de um filme romântico sem a presença de uma segunda pessoa. Um filme onde somente ela nele existia, além de todas as outras maravilhas naturais, que juntas compunha o alegre cenário. À primeira vista que obteve, ao abrir vagarosamente a janela do quarto, lhe deu a leve impressão de ainda estar sonhando, mas que logo foi descartada pelo vento matinal que soprava em seu rosto. Podia senti-lo, assim como podia sentir o cheiro suave desprendidos pelas camélias das mais variadas cores em seu jardim. Mas não foi uma camélia, nem uma margarida que acabou lhe revelando o mistério guardado, e sim uma linda e formosa rosa vermelha.
Parece até estranho falar, sei que muitos irão duvidar, afinal, nem a ela foi fácil acreditar. Mas, essa rosa citada por mim, parecia ser gente. Tão parecida era, que chegou a se comunicar, talvez telepaticamente com Alice. E nesse contado, entre duas beldades de distintas espécies, um desabafo foi feito pela rosa, que disse em lágrimas a jovem Alice, tudo aquilo que tinha guardado em seus espinhos. Revelou, em um instante mágico, todo o seu descontentamento com os humanos. Pois, segundo ela, ninguém da nossa espécie sabe admirar por completo a beleza de um jardim em flores, onde suas personagens logo se murcharão e darão espaço a outras personagens, ou tragicamente, a um concreto.
Mas esse breve contato, nunca antes imaginado, não parou por ai. Uma missão foi dada pela rosa a jovem Alice. Missão essa que coube somente a ela cumprir, e mais ninguém. Os detalhes dessa missão eu não posso revelar. Visto que, caberá a cada um de nós, um dia cruzar com Alice, em um jardim em flores, ou de frente a uma sepultura velada por crisântemos.
No entanto, foi a partir dessa estupenda manhã que Alice percebeu que as flores nos vêem, tanto quanto nós a elas. Não foi preciso muito tempo. Logo após o recado, Alice partiu de camisola mesmo em direção a única floricultura da cidade, para então abrir os olhos do floricultor. Quem sabe, ela já esteja chegando aí, em seu jardim para lhe avisar. Agora, caso você não tenha jardim em sua casa, é melhor construir um, e passar a cultivá-lo, olhando as flores com o carinho que elas merecem.

Um comentário:

Grazzi Yatña disse...

Bonito e perfumado seu canteiro..
Beijo.