domingo, 20 de janeiro de 2008

Primavera, Verão, Outono, Inverno... E Primavera

Suas raízes são fortes como o aço da faca que lhe sangra o pulso.

Não adianta podá-la, cortá-la ou então envenená-la.

Você é imune diante todas essas artimanhas!

Seus galhos servem de balanço para crianças brincarem, pessoas se enforcarem, e passarinhos alegres cantarem em uma manhã de Sol, em uma tarde de arco-íris vivo, que brilha, no céu que se estende para o eterno de nós dois.

O perfume das flores que brotam em seu corpo, é usado por anjos e demônios em um ritual pagão de amor e paixão entre o Bem e o Mal, do qual fizemos um pacto de sangue selado pelas quatro estações do ano, que agora vigoram como nunca.

A sombra oferecida por você é capaz de condensar todo calor do meu corpo, transformando meu suor em gelo, para depois derreter em seus pés, e lhe matar a sede, que antes já fora sinônimo de angustia e depressão nas tardes de Domingo.

Cupins jamais atreveram comer seu caule, tomar sua seiva, que agora molha minha garganta e me embriaga de sentimentos enlouquentes, curtidos no alburno da sua carne faminta que me serve de alimento.

No Outono, as folhas secas que caem do seu corpo cobrem o chão por onde vidas e mortes caminham lado a lado, em busca de algum sentido que lhes faça viver ou morrer quando a Primavera chegar e passar, como se fossem andarilhos em busca do lar.

Mas quando chega essa época de flores e folhas novas, você também mostra novamente a beleza do seu rosto que agora está nu, mas que se mantêm aquecido graças os raios solares que atravessam a camada de ozônio e lhe atingem o coração, que pulsa dentro do seu cerne de mulher, forte e delicada.

Porém, o que mais vale disso tudo, são as sementes que você entrega aos pássaros semeadores de sentimentos alados, que agora fazem surgir dentro de mim uma constante fotossíntese de paixão, que floresce a cada suspiro seu e meu.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Sua Casa Minha

Minha casa sempre fora abrigo da minha alma, dos meus sentimentos calados, engomados e passados. Casa essa coberta por palavras, que me protegem de temporais, vendavais e outras coisas mais. Suas janelas são todas emocionais, ocasionais, abrem e se fecham de acordo com os raios, solares e lunares. As portas de batentes enlouquentes vibram com as vibrações mais quentes, ardentes, vigentes em mim.

Nessa casa há escadas também. Um degrau acima, um degrau abaixo, de certa forma, todos estão ligados em sonhos alados, armados e ensaiados para depois serem sonhados. Suas paredes foram erguidas com tijolos vogais, rebocadas com massa de outros quintais, consonantais, resistentes diante das rachaduras, ranhuras e outras feiúras. Nela, as cadeiras são de junco, confortáveis e atraentes, transadas manualmente, por pessoas que se fazem presentes.

Linda língua dos lábios que habitam essa casa, de pensamentos inertes ao pó, transformando em desejo os sabores que sei tão bem de cor. Chão de giz que não risca, nem trinca. Vaso que não se quebra, nem esfarela. Luz que se acende. Luz que se apaga. E tudo isso quando chega à noite me indaga, se a casa onde eu moro é na verdade você.