segunda-feira, 23 de julho de 2007

Desfragmentação


Ah, como é fabuloso saber que em mãos tenho minha própria existência, ou desistência, se assim preferir. Saber que um simples gesto mortal basta, para dar fim ao tragicômico filme da vida, não editado, onde nunca somos protagonistas. Quero aniquilar-me nesse instante. Quero jogar-me da sacada do meu apartamento, só para ver meu corpo se espatifar na calçada suja de lamentos, por onde transitastes todos os dias em busca de socorro.
Dentro de alguns instantes já não existirei mais. Poderá em fim ficar só, sufocada em seu minúsculo aquário de plantas artificiais que lhe roubam o oxigênio. De certo não sentirá minha falta. Ninguém sentirá. E isso não me preocupa se não alivia. Não deixarei sinal. Nem rastros de minha passagem pelo mundo. Desfragmentarei no ar como um incenso, prestes a ser inalado por alguém sem bom senso.
Que essa minha morte seja novidade, para os olhos daqueles que não enxergam a própria vida, e o poder que não exercem sobre ela. Que seja então consumado um fato único. Uma incógnita. Um desaparecimento total. Até mesmo na mente daqueles que me odeiam.

Deixa-me agora desaparecer!

Um comentário:

Grazzi Yatña disse...

Pode se jogar, desde que caia no meu colinho hein!hihihihi

Eu sentiria sua falta sim!
Bjo.