terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Sua Casa Minha

Minha casa sempre fora abrigo da minha alma, dos meus sentimentos calados, engomados e passados. Casa essa coberta por palavras, que me protegem de temporais, vendavais e outras coisas mais. Suas janelas são todas emocionais, ocasionais, abrem e se fecham de acordo com os raios, solares e lunares. As portas de batentes enlouquentes vibram com as vibrações mais quentes, ardentes, vigentes em mim.

Nessa casa há escadas também. Um degrau acima, um degrau abaixo, de certa forma, todos estão ligados em sonhos alados, armados e ensaiados para depois serem sonhados. Suas paredes foram erguidas com tijolos vogais, rebocadas com massa de outros quintais, consonantais, resistentes diante das rachaduras, ranhuras e outras feiúras. Nela, as cadeiras são de junco, confortáveis e atraentes, transadas manualmente, por pessoas que se fazem presentes.

Linda língua dos lábios que habitam essa casa, de pensamentos inertes ao pó, transformando em desejo os sabores que sei tão bem de cor. Chão de giz que não risca, nem trinca. Vaso que não se quebra, nem esfarela. Luz que se acende. Luz que se apaga. E tudo isso quando chega à noite me indaga, se a casa onde eu moro é na verdade você.

Um comentário:

Grazzi Yatña disse...

BonitaMente lírica o morador dessa casa.
beijos.