domingo, 18 de novembro de 2007

Auto-Flagelo

Em minha face plácida, habitam-se submerso aos olhares, lábios ansiosos e inquietos. Nariz grande e carente, que indaga, exprime e depois absorve para dentro do meu ser, tudo aquilo que procura, e encontra...

O olhar é vasto, que acha até onde não vê.

A calma, às vezes se rebela, deixando no ar fragmentos de mistério. O passo, largo, caminha sem saber pra onde. E eu vou atrás, sem me perder no compasso, refaço...

Não, desfaço!

Há resíduos de medo, de negro, e de rosa. De demora sutil. De abraço sutil... Há diários, cartas escondidas, rascunhos, em baús, no jardim, em notas de piano, em meu quarto...

Tudo esparso em cômodos, arredores, que velam por minha intimidade.

Os meus dias ensolarados ficam cada vez mais úmidos. O ar me falta nas subidas, e se torna rarefeito no raso, no lago, e no profundo. Às vezes insurjo de minhas próprias sombras, às vezes das suas. A maresia corrói-me os ossos, fazendo deles farelos, levados pela maré.

Em meio às mudanças, em meio aos sentidos e o sentido, entre os olhos e a visão, a orelha e a audição, sinto o sabor da sede. A vida parece querer brincar de pique-esconde, só que eu não sei contar até dez.

O girar da fechadura me causa angustia, o rangido da porta também!

Minhas estrelas, minha Lua particular, meus ossos e olhos... Parecem todos se curvarem em cima de páginas amarradas, cartas rasgadas, folhas amassadas, condenas pelo silêncio da noite, que me atrai e depois me devora.

Um comentário:

Grazzi Yatña disse...

A calma quando se rebela desenha mapas na carne..