quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Pardais e Outros Quais

Quando criança, eu costumava jogar na sombra da pitangueira migalhas de pão...

Mamãe sempre me designava essa missão, executada por mim com grande alegria. Pois além de ajudá-la recolher a mesa do café, acabei criando uma longa amizade com um pardal solitário, que nos finos galhos da pitangueira, tinha seu ninho.

Éramos conhecidos um do outro. Trocávamos confidências em dias de pouco Sol. Porém, era de meu conhecimento que aquele pardal, chamado por mim de Juca, um dia iria me deixar, cumprindo assim o seu ciclo da vida.

E foi em uma manhã chuvosa de Quarta-feira de Cinzas, que ele resolvera partir...

Por incrível que pareça, não fiquei magoado. Nem triste. Muito menos descorçoado.

Apenas não entendi por que o dito cujo ficou duro, que nem cimento!

Mas tudo bem... Logo após fazer uma curta oração em homenagem ao Juca, resolvi dar seqüência ao fúnebre ritual de despedida. Enterrei-o envolto numa sacola de supermercado, acreditando assim estar isolando seu corpo de possíveis predadores. O local a ser escolhido por mim, não poderia ser outro se não aquele onde a sombra da pitangueira se fazia presente. Meio palmo de terra bastou. Algumas pedrinhas. E uma cruz simbólica feita de um pequeno e fino galho seco.

Pronto... A missão já estava encerrada!

Tudo se passou rápido. Como tudo passa rápido demais em nossas vidas.

Ainda bem que é assim, como Juca: passageiro.

Já as lembranças não... Essas são eternas!

E fazem nosso mundo parar... Mesmo que por instantes.

Um comentário:

Grazzi Yatña disse...

Tem razão, fazem parar todo, até a velocidade da luz